O Sucesso dos Netbooks

Um novo tipo de computador portátil ganha espaço nas lojas do país: os netbooks. Eles têm menos potência que os notebooks tradicionais, mas são leves e baratos. A reportagem é de Flávio Fachel, que se soma ao time de colaboradores da coluna Conecte.



O poder da conectividade na ponta dos dedinhos. Notebooks prontos para navegar na internet, ligando na velocidade da banda larga...os quartos de um mesmo apartamento? “Conversamos dentro de casa pelo computador para não gritar. Meu marido odeia grito. Ele odeia grito, então a gente conversa no computador para não fazer barulho”, justifica a administradora Scheyla Frediani. Conexão sem limites. “Do jeito que a vida é hoje, não dá para não estar online. No dia em que cai a conexão da internet, eu fico louca”, conta.

Internet, e-mail, mensagens instantâneas, troca-troca de fotos e arquivos que divertem as meninas, mas que nem chega a fazer cócegas no poder dos computadores portáteis que custaram quase R$ 3 mil cada um. Exagero tecnológico? Será que podia ser mais simples? “Nunca pensei nisso!”, admite a administradora.

Mas os fabricantes perceberam: uma quantidade imensa de novos usuários de computadores exige pouco poder de processamento. “Nesses casos, dá para dizer que os laptops de antes eram como usar um canhão para matar um passarinho. Então, uma pessoa que usa só para acessar e-mail, só para conversar no MSN, ela finalmente tem uma máquina serve exatamente para o que ela queria”, explica o analista de mercado Luciano Crippa.

Por isso, em vez de notebooks, chegaram os netbooks. O apelido já indica: servem para navegar na rede, bisbilhotar em sites de relacionamento, trocar e-mails, mensagens instantâneas e também fazer edições de texto ou planilhas. Mas o que anda conquistando mesmo os usuários não é exatamente a tecnologia avançada que eles carregam.

Foi o resultado de uma pesquisa feita nos pontos de venda que multiplicou as linhas de montagem de netbooks em indústrias de computadores. Os vendedores logo perceberam que principalmente as mulheres chegavam em busca de computadores como laptops tradicionais, grandes, mas logo eram seduzidas pelos pequenos netbooks. Não só por causa do preço, não. Mas pelo simples fato de que eles cabem dentro da bolsa.

Pequenos e leves, não passam de um quilo e meio. Maravilha do mundo moderno pronta para entrar em ação em qualquer lugar. “Se você quer mobilidade total paras as atividades do dia-a-dia, acesso à internet, quer ver os jornais no final do dia, é fantástico”, afirma o presidente da Positivo Informática, Helio Bruck Rotenberg.

Mas se você está se tornando mais um dos apaixonados por essas maquininhas, preste atenção: os netbooks são computadores que passaram por uma espécie de "lipoaspiração" tecnológica. As telas são pequenas, com tamanhos entre 7 e 10 polegadas, com menos resolução e menor capacidade de reproduzir imagens perfeitas. O teclado também é menor: dificulta um pouquinho a digitação. Não existe leitor de CD ou DVD. O processador e a memória já melhoraram bastante desde o primeiro modelo lançado, mas ainda ficam bem atrás dos notebooks.

Portanto, entenda bem: o netbook não substitui os computadores tradicionais, capazes de trabalhar com imagens, de fazer projetos de engenharia com rapidez ou de administrar uma pequena empresa online, por exemplo.

Mas a maquininha que está entre as mais desejadas dos últimos tempos faz bem o que se propõe: ligar você à internet. E por um preço relativamente baixo: é possível encontrar um desses aí por R$ 800. E parcelado! “O casamento de caber na bolsa e no bolso o traz para um outro patamar. Acho que ele é um fator predominante para a inclusão digital, justamente pelo preço reduzido, justamente pela portabilidade e justamente por ser um produto que atende à necessidade do brasileiro”, avalia o gerente de marketing da Asus Brasil, Marcel Campos.
Lá vem a auxiliar de enfermagem Fernanda Lima descendo a ladeira em Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo. De casa para o trabalho, do trabalho para casa, ela carrega o novo companheiro. “Posso levar para qualquer lugar e não tem aquelas mochilas enormes que nem tem o notebook”, compara a jovem.

Não é todo mundo por aqui que tem a sorte de ter um computador em casa. O deles era comunitário. Todos tinham que repartir o limitado disco rígido de 40 gigabites. “Era uma briga no outro computador. ‘Ah, você mexeu na minha pasta, olha, você apagou uma foto minha.’ Aqui só tem as minhas fotos”, afirma Fernanda. Agora, com o netbook comprado à prestação, Fernanda vai ficar mais conectada com seu mundo. Recados, fotos, música. “Dei um pouco à vista e parcelei o restante em oito vezes”, conta.

A internet ainda é com fio. É como dá para se conectar. Mas que surpresas a tecnologia não reserva para ela, no futuro que já cabe no colo e no bolso?