Blu-Ray é candidato a sucessor do DVD

Uma nova tecnologia promete revolucionar a sala da sua casa. É o Blu-Ray, o principal candidato a sucessor do DVD.



Só que, mal chegou às lojas, a novidade está ameaçada por um concorrente forte: a internet.

Os olhos e os ouvidos logo percebem. Dá vontade de levar pra casa. "Eu fiquei abismada com a diferença. A imagem, super nítida", afirma a dona de casa, Desirée Rangel.

Mas algumas lembranças provocam receios. "O consumidor fica sempre na dúvida. Espera a nova tecnologia, compra essa", diz o professor universitário, Ricardo Peçanha.

A história do vídeo doméstico tem vários capítulos e alguns protagonistas que já saíram de cena. No fim da década de 80, o sistema Betamax perdeu espaço, perdeu a guerra completamente para o VHS. Logo depois teve gente que investiu nessa tecnologia, o Laserdisc, que logo saiu do mercado. O DVD reinou absoluto por vários anos, mas e agora? Será que vale a pena comprar a ultima novidade?

Essa é a primeira pergunta que vem ao bolso. "É caro, mas pela facilidade de pagamento também, em dez vezes. Então dá para comprar", diz um consumidor. A tecnologia ela é excelente, mas só depende agora do custo mesmo. O custo tem que abaixar um pouquinho", afirma um estudante.

Tem mesmo. Como todo lançamento, o Blu-ray ainda é caro! O preço do tocador do disco, que também lê o DVD comum, varia de R$ 1.000 a R$ 2.200 no mercado brasileiro.

Mas o investimento não fica por aí. Blu-ray com qualidade máxima, só com televisor de alta definição e um bom sistema de som. Jornalista especializado em novas mídias, Ethevaldo Siqueira é um dos 150 mil brasileiros que têm o Blu-ray em casa. "Se ele não tiver os seis autofalantes, ele não vai ter o efeito que nós temos em uma sala como essa. Ele vai ter no máximo o estéreo, esquerda e direita", explica.

Foram anos de pesquisas. A disputa levou ao ringue dois gigantes japoneses, dois consórcios. Um liderado pela Sony, que inventou o Blu-Ray. O outro, pela Toshiba, com o HD-DVD, que perdeu força na batalha e cambaleou até jogar a toalha, em fevereiro do ano passado. Assim, o Blu-Ray venceu a disputa para entrar num mercado dominado pelo DVD.

O Blu-Ray vem de raio azul, em inglês. Em vez do tradicional laser vermelho, o facho azulado permite a leitura de muito mais informações impressas no disco, que até se parece com o CD e o DVD. Têm os mesmos 12 centímetros, mas a diferença está na capacidade. O DVD armazena 4,7 gigabytes, contra 25 do Blu-Ray. Até duas horas de áudio e vídeo em alta definição.

Colocar duas horas de imagens em alta definição e som de máxima qualidade em um disquinho é uma vitória da indústria. Mas assim mesmo o Blue-ray já nasce ameaçado porque imagem e som de cinema hoje em dia também navegam pela internet.

Assim como o MP3 está desbancando o CD, o download de vídeos em HD pode tornar o disco e o tocador de Blu-Ray obsoletos. Tem muita gente fazendo isso nos Estados Unidos? Muita gente ainda não, só os mais conectados. As empresas não divulgam números, mas sabe-se que milhões de americanos ,em vez de comprar ou alugar os filmes em disco, estão preferindo assistir através da internet. Fica bem mais barato e está ficando a cada dia mais fácil e rápido.

O carioca João Paulo Demasi mora há três anos em Nova York. Gosta de ver filmes no televisor e costumava comprar DVDs. Mas há pouco tempo, isso mudou. Agora ele vê filmes pela internet. "Você pode baixar o filme comprando, alugando ou temporário, que você tem um aparelho que você assiste na sua TV", conta.

Há muitas maneiras de obter os filmes. A que ele mais usa, a mais barata, é um serviço chamado Netflix. Custa o equivalente a R$ 21 por mês. Ele pode ver quantos filmes quiser, normais ou em alta definição. A conexão entre a TV e o servidor da Netflix é feita através de uma caixa que ele comprou pelo equivalente a R$ 215.

"Você acessa o site deles e vê quantos filmes você tem e eu posso ver o filme que eu quiser", explica João. A qualidade da imagem, em alta definição, é a mesma de um disco Blue-ray que na loja custaria quase R$ 90. Outro serviço que João Paulo usa, quando quer comprar um filme, é o Itunes da Apple. O Itunes permite que ele armazene o filme em três computadores, mesmo sem ter o disco, João Paulo agora possui o filme que pode ver e rever o quanto quiser.

Então você tem essa opção de download, que você não tem o disco físico, mas você tem, é seu", afirma. Agora, o Blue-ray não entrega os pontos tão fácil. E ele tem uma arma e tanto. É outro equipamento de uma família bem popular nas casa brasileiras. "A sensação de realidade do jogo é muito maior, e isso junto com o áudio traz um envolvimento muito grande. Você se sente como se tivesse dentro do jogo", afirma Adriano da Rocha Lima, Engenheiro de telecomunicações .

Com tanta realidade, Catarina voa na pista e olha que ainda faltam 12 anos para ela poder dirigir. As imagens fascinam o caçula, de dois anos. Henrique não larga o disco favorito. "Não, Henrique. Tira o filme da boca".

O videogame de última geração foi à aposta da Sony para aumentar o alcance do Blue-ray. Ele também reproduz filmes e ameniza um ponto fraco do formato: a pequena oferta de conteúdo.

A indústria reconhece que tem pouco a oferecer, mas promete mudanças. "A partir já deste ano, 2009, a indústria começa a disponibilizar o que o mercado consumidor quer que são os lançamentos em Blu-Ray, simultaneamente aos lançamentos em DVD e não só mais os catálogos como acontecia antigamente", conta o Diretor geral da Sony Pictures no Brasil, Wilson Cabral.

Comprar ou esperar? Não existe uma resposta para todas as famílias. Depende do orçamento de cada uma, de quanto ela curte filmes e videogames e, principalmente, do desejo de estar entre os primeiros a terem uma novidade em casa.